A pandemia trouxe uma nova realidade para a vida das pessoas e apontou um novo modelo de vida, que prioriza entre outras coisas o maior contato com a natureza. É para trazer à nossa vida uma antiga conexão com o meio ambiente que surgem diversas iniciativas. Dentre elas, destaca-se o design biofílico. Essa nova tendência vem não só reconectar o ser humano com a natureza, mas traz possibilidades de adequação a qualquer espaço.
O conceito tem como propósito reconectar pessoas com a natureza no meio do caos urbano. Fazendo com que arquitetos e paisagistas pensem como base dos projetos a sustentabilidade. Incorporando em seus trabalhos espaços que levem a natureza para dentro de residências, corporações e ambientes hospitalares. Para a arquiteta Ana Bortone o design biofílico tem grande importância e vai muito além dos projetos arquitetônicos, pois as plantas são excelentes meios de filtragem e renovação do ar.
“As plantas são purificadoras, trazem conforto térmico e bloqueiam a luz do sol, absorvem as toxinas dos mais diversos tipos de materiais, além de trazer a sensação de aconchego, facilitar a respiração e melhorar o foco. O design Biofílico vai muito além do uso de plantas na decoração, ele é uma forma criativa de utilização de materiais variados que gerem ambientes mais saudáveis e que proporcionem bem-estar aos seus usuários”, declara a arquiteta.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) relatam que até 2030 pelo menos 60% da população mundial estará morando em áreas totalmente urbanas, por esse motivo que é cada vez mais importante preservar a conexão entre a natureza e o homem, e por isso o design biofílico é o caminho certo para essa conexão.
“Esse tipo de design traz diversos benefícios para residências e escritórios. No ambiente de trabalho há relatos que todos os colaboradores passaram a ter um melhor desempenho depois que foi implementado, queda de rotatividade e índice de afastamentos também. Até em ambientes hospitalares há uma melhora no quadro clínicos dos pacientes que ao olharem para uma vista com natureza sentem menos dor e consomem menos analgésicos. Já nas residências as plantas diminuem a fadiga, o estresse, resfriados, dores de garganta e cabeça e tosse”, reforça o paisagista Ton Macedo, da Virente Paisagismo.
Como aplicar o design biofílico em casa
Todos os ambientes podem ser projetados levando-se em consideração os conceitos do design biofílico. Para isso basta que o olhar do projetista esteja totalmente voltado para a experiência do usuário e seus efeitos a curto e longo prazo. Visualizar esse contato contínuo com a natureza e seus elementos, valorizar os conceitos de conforto térmico e lumínico, favorecer ventilação e iluminação natural são itens imprescindíveis a um projeto que tenha o objetivo de proporcionar bem-estar. Até mesmo a escolha da paleta de cores pode estar de acordo com os conceitos da biofilia.
Existem diversas formas de ter uma casa confortável e em harmonia com a natureza. A arquiteta Ana Bortone e o paisagista Ton Macedo, da Virente Paisagismo, explicam como:
1. Aproveitamento de espaços
Quem não possui um quintal ou varanda pode adaptar paredes, muros e até mesmo teto. É possível, por exemplo, construir um telhado verde, que, além de refrescar a casa, também pode ser um espaço de lazer ou jardim. Além disso, os jardins e hortas verticais podem ser construídos dentro de casas/apartamentos. Além de servir para a decoração, elas melhoram o ar, tornam a casa mais fresca e podem proporcionar uma alimentação melhor.
2. Os móveis certos
Nesse tipo de design, os móveis têm muita importância. Opções naturais, como a madeira, são a forma mais clássica de trazer a natureza para perto em todos os ambientes, integrando a casa em um mesmo clima. A sustentabilidade, um dos pilares do design Biofílico, traz a ideia de redução de consumo. Por isso, busque otimizar seu espaço. Uma possibilidade é optar por móveis planejados, pois, além de se adequarem ao seu espaço, farão parte do projeto da casa toda. Desse modo, tudo estará em harmonia, e não haverá risco de um conceito interferir em outro — por exemplo, um móvel atrapalhando a entrada de luz natural, tópico importante do ecodesign para a redução de energia.
3. Casa harmônica e funcional
Cada ambiente possui uma função dentro do seu lar. Por isso, ao pensar em um projeto é necessário analisar de que maneira aquele local poderá funcionar de maneira mais harmônica, sempre considerando o uso desse espaço e as pessoas. Por exemplo, ambientes de estudo, que precisam criar um clima de concentração; quartos, que devem ser espaços de descanso e silêncio; cozinhas, que podem passar a acolher e vontade de cozinhar.