Você sabe a diferença entre uma pessoa trans e uma travesti?
E tem conhecimento de que as pessoas trans são as que mais sofrem violência no Brasil? Em compensação, a pornografia sobre esse universo é a mais consumida pelos brasileiros. Será que existe alguma explicação plausível para isso?
Uma pessoa trans ser classificada na categoria “homem” ou “mulher” nas Olimpíadas depois de sua transição é correto? Ou a força que ela traz de sua genética é o que conta?
Essas são algumas das diversas questões levantadas na live do dia 3 de fevereiro, pela idealizadora do projeto Juntos pela Inclusão Social, Flávia Albaine, com Andréa Brazil, presidenta do Capacitrans RJ, que fizeram um bate-papo por mais de uma hora e meia sobre “os desafios enfrentados pelas pessoas trans no Brasil”.
Andréa, que é travesti, transativista da causa LGBTQI+, consultora de diversidade, dentre outros, conversou com a professora de Direitos Humanos e Defensora Pública de RO, assim como com o público que acompanhou o evento online ao vivo pelo chat.
Segundo ela, um dos dilemas mais enfrentados é a exclusão. “E não é só o da família. É o de oportunidades, de acessar o sistema de saúde, fazer um curso etc.”. Ela ressalta que isso se intensifica muito mais quando a pessoa faz parte de mais grupos de vulnerabilidade, como também ser negra e uma pessoa com deficiência, por exemplo.
Flávia acredita que esse tipo de questão deva ser levado à sociedade, pois assim como o nome de seu projeto já deixa claro, será juntos pela inclusão social que as coisas poderão ser modificadas.
Movimentos sociais pelo Brasil
Segundo Karen de Oliveira Diogo, que assistiu à live e é fundadora do Grupo COMCIL (Comunidade Cidadã Livre), de RO, parece que algumas pessoas sempre buscam minimizar ou inviabilizar palavras que dizem chocar ou agredir seus ouvidos. “Travesti e uma nomenclatura conhecida na década de 70, logo após veio transex, época de Roberta Close e, com isso, algumas já não se viam como travesti e começaram a aderir às novas nomenclaturas. Tanto que quando eu falo trans, específico população de travestis, transexuais e homens trans”, pontua.
Ela cita a inserção das novas nomenclaturas nos dicionários da Língua Portuguesa, assim como os movimentos sociais para mais inclusão.
“O grupo COMCIL – Comunidade Cidadã Livre foi fundado em 2012 e estamos na luta em busca por direito à igualdade e inclusão, realizando atividades rodas de conversa em escolas, terreiros de Candomblé e Umbanda, levando pautas para as conferências Municipais, Estaduais e Nacionais, entre outras atividades. Recentemente, tivemos o curso ‘Cozinha e Voz’, da Casa Poema, OIT e Paola Carosella, o qual buscou empregabilidade. E, aproveitando, no final do curso o grupo COMCIL solicitou ao DPE a possibilidade de realizar o mutirão de retificação de nome e gênero, que realizamos em um domingo à tarde com a parceria da Faculdade Católica. Agora começamos outro mutirão de retificação de nome e gênero, já diretamente com os cartórios, onde em 10 dias no máximo as pessoas recebem sua Certidão de Nascimento, tudo sendo gratuito”, ressalta.
Assista ao vídeo sobre os desafios enfrentados pelas pessoas trans no Brasil: https://youtu.be/j-m95B03Nh0