O poeta é considerado um dos ícones vivos da literatura afro-brasileira
O FLISGO, em sua 3ª edição e a cidade de São Gonçalo se preparam para receber Carlos de Assumpção, que é considerado o maior poeta vivo e invisível do Brasil. O evento acontecerá entre os dias 19 e 22 de novembro, das 10 às 19h, no Conjunto Habitacional do antigo 3º BI, na Rua Dr. Porciúncula, 395 – Venda da Cruz/SG.
Homenagear essa personalidade em um festival onde a descentralização da cultura e a palavra de ordem e ter a oportunidade de reconhecer e celebrar sua vida e história, é uma honra para todos os envolvidos no projeto. Sem falar, é claro, da apresentação de fazedores de cultura da cidade que, unidos a escritores de todo o Brasil, abrilhantarão ainda mais o festival deste ano.
O ano de 2021, importante por sua representatividade ao se comemorar o centenário de Paulo Freire, por ser um marco para os preparativos iniciais para a comemoração de Darci Ribeiro, se tornou ainda mais precioso para o Festival Literário de São Gonçalo que, ainda jovem em sua terceira edição, é considerado um dos festivais mais importantes do Leste Fluminense, e apresenta, pela primeira vez, um autor homenageado. Carlos Assumpção, aos 94 anos, é um quase centenário, vivo, atuante e que apresenta um vigor contagiante.
Além disso, poder falar de literatura afro-brasileira em pleno novembro negro é uma oportunidade ímpar. Apresentar ao mundo os passos que vem de longe na luta contra o racismo, questionar a invisibilidade de um poeta tão talentoso e celebrar sua existência, resistência, história e obras, é combater de frente o racismo com todos os seus tentáculos. Afinal, Carlos de Assumpção faz parte da história da literatura brasileira e é protagonista na atual construção da poesia do século XXI.
Por ocasião do evento, o homenageado será presenteado com um busto, feito pela artista plástica da cidade, Elizabeth Salles. O busto ficará em exposição, após o evento, na sede do coletivo Afrotribo, que partilha a realização do evento com o coletivo Acesso Cultural.
Um pouco mais sobre o poeta homenageado
Assumpção é professor, advogado, poeta, escritor, e um dos decanos da literatura afro-brasileira. Paulista de 94 anos, nascido em 23 de maio de 1927, morando atualmente em Franca, São Paulo. Em 1958, ganhou o Título de Personalidade Negra, no 70° do aniversário da Abolição, pela Associação Cultural do Negro, em São Paulo. Em 1982, recebeu o Título de Personalidade do ano, em Franca. Mais adiante, em 1996, recebeu a Placa de Prata de VII semana Cornélio Pires, em Tietê.
Com seu poema PROTESTO, marcou época no qual simbolizou a ascensão e a reivindicações da intelectualidade Negra do Estado de São Paulo. Com este poema, Carlos de Assumpção ganhou o primeiro lugar no Concurso de Poesia Falada, poema este que está presente em diversas antologias em inglês, francês e alemão. Teve participação em diversas publicações do respeitado e aclamado Cadernos Negros. Foi colaborador da Revista Literária Veredas, do Suplemento Cultural Arte Agora e do Suplemento Cultural do Diário Oficial do Estado.
Em 1998, o professor Poeta lançou um CD intitulado Quilombo de Palavras, ao lado de outro importante intelectual afro-brasileiro, o poeta Cuti. No ano de 2019, esteve presente no documentário “Carlos de Assumpção: Protesto” e memórias e declamações foram exibidas. É membro da Academia Francana de Letras. Ainda em 2020 lançou o livro “Não pararei de gritar!” Como um bom ativista, não para! Em 25 de fevereiro de 2021, o poeta Carlos de Assumpção recebeu o Título de Doutor “Honoris Causa”, na reunião do Conselho Universitário da UNESP. E, mesmo aos 94 anos, o professor poeta, Carlos de Assumpção, percorre algumas escolas de Franca com seu Sarau Protesto dialogando com alunos e professores, pois ele garante que não vai parar de gritar!